quinta-feira, 25 de novembro de 2010

SE A MIM FOSSE DADO (Arita Damasceno Pettená)


Se a mim fosse dado

Se a mim fosse dado
o direito de ser bom,
eu chamaria
os pobres e os infelizes,
os que têm fome
e sede de justiça
e lhes diria:
Permanecei assim!
Melhor, muito melhor,
galgar, um a um,
os degráus do mundo
a ter de rápido subir
para depois cair.

Se a mim fosse dado
o direito de curar,
eu chamaria
os cegos e os surdos
e os mudos e os débeis
e até quase que dementes
e lhes diria:
Permanecei assim!
Melhor, muito melhor,
não ver, não ouvir,
nada saber,
do que tudo entender
e não poder falar.

Se a mim fosse dado
o direito de advogar,
eu chamaria
os oprimidos e os injustiçados,
os perseguidos
e os sem voz,
e lhes diria:
Permanecei assim!
Melhor, muito melhor,
chegar ao céu
pelas portas do sofrer
a ter de buscar glória
sem nunca ter sido gente.

Ah! Se a cada um de vós fosse dado
o direito de ser poeta,
eu chamaria todos:
os operários e os doutores,
as mulheres e as crianças
e até aos velhor senhores
e lhes diria enfim:
Arrancai de dentro d'alma
este dom patético
para não ter de chorar
injustiças e ingratidões,
misérias humanas e farrapos de gente,
e nada... nada pode fazer!...

ARITA DAMASCENO PETTENÁ    (aritapetena@hotmail.com)  - Presidente da Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas.   

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